Utilizando como fontes principais as atas da câmara dos Deputados, os folhetins líricos, as cartas da diretoria do teatro de São Pedro de alcântara e os autos da Questão Villa Nova do Minho, este artigo pretende desvelar a rede da qual faziam parte políticos, artistas e empresários teatrais do Rio de Janeiro imperial, na época em que o tráfico negreiro foi totalmente proibido. as duas figuras principais contempladas serão o dramaturgo e músico Luiz Carlos Martins Penna (1815-1848) e o barão, visconde e traficante negreiro português José Bernardino de Sá (c. 1802-1855), presidente da diretoria do teatro de São Pedro de alcântara, onde a maioria das comédias de Mar-tins Penna foi encenada. O período abordado no texto é iniciado quando duas de suas comédias são censura-das, sendo finalizado com a disputa judicial pela vultosa herança de José Bernardino de Sá.
Na construção historiográfica do teatro brasileiro moderno, as formas da comédia popular
foram “superadas” a partir da implantação de novas formas teatrais, expoentes de uma visão de mundo
mais condizente com as conquistas da modernidade. Este artigo procura demonstrar que esta construção
teórica e discursiva legitima um determinado projeto cultural e civil para o país que remonta ao século
XIX e recebe nova roupagem em meados do século XX
Este artigo analisa como a “comédia negra” Namíbia, Não!, do jovem dramaturgo baiano Aldri Anunciação, elabora as últimas consequências da famosa democracia racial brasileira e dos direitos humanos, e como vai até os limites do discurso pós-colonialista “politicamente correto” no Brasil do século XXI.
Crítico teatral aos vinte anos de idade, Machado de Assis registrou as transformações pelas quais o teatro brasileiro vinha passando em meados do século XIX. Com o florescimento do teatro realista francês, o modelo teatral romântico, carregado nos exageros cênicos, tanto no que diz respeito à ornamentação do palco quanto aos movimentos físicos dos atores, passa a ser criticado e combatido. O que se desejava era a renovação cênica e de repertório a partir de um maior comedimento dos artistas e da substituição de enredos cujos núcleos temáticos eram a nação por temáticas calcadas nos problemas familiares. Documentando esse momento de transição do teatro brasileiro e estimulado pelas novas comédias realistas, Machado de Assis produz as suas primeiras peças teatrais cômicas. Partindo-se da perspectiva de que o riso representa uma função indispensável ao pensamento, na medida em que nos faz ver o mundo com outros olhos, tornou-nos pertinente a análise das funções e dos procedimentos cômicos nas peças de Machado de Assis. Com esse propósito, selecionamos duas peças: Hoje avental, amanhã luva (1860) e O caminho da porta (1862), obras cujos núcleos temáticos giram em torno da figura feminina. Como subsídios para embasar nossas análises, apoiamo-nos nas teorias sobre o cômico de Bergson (2007), Freud (1977) e Jolles (1976), a partir das quais percebemos que a comicidade empreendida por Machado de Assis tanto pode assumir um ato de significação social que cumpre a tarefa de corrigir comportamentos desviados, aproximando-se, dessa forma, da teoria de Bergson como também assume a perspectiva freudiana de que o cômico suscita prazer na medida em que proporciona o extravasamento de conteúdos reprimidos, desvelando, por tanto, o que é ocultado.