O objetivo deste texto é demonstrar a atuação de Machado de Assis em uma de suas funções literárias menos apreciadas pela crítica tradicional sobre a obra do escritor brasileiro: a de crítico teatral. Apresentam-se suas idéias sobre teatro e o contexto histórico-cultural da capital do Império, notadamente marcado pela presença de um teatro importado transplantado para os tablados tropicais.
Por cerca de dois anos trabalhei nas editorias de cultura dos jornais Diário Catarinense e A Notícia, ambos de Santa Catarina. Durante este período pude perceber o descrédito dos artistas de teatro para com a imprensa. A reclamação era quase generalizada sobre o espaço dado ao teatro nos jornais. A imprensa, segundo os artistas, dava pouca atenção a esta forma de arte, mas o maior problema era com a crítica teatral. Esta percepção se tornava mais estranha, já que naquela época (1992) não havia críticos teatrais em Santa Catarina. Quase como algo atávico, os que lidavam com o teatro reclamavam da crítica nacional, sendo que muitos daqueles nunca tinham tido seus espetáculos analisados por críticos. Desta forma, ao fazer minha monografia de especialização1 pesquisei qual a origem das divergências que ocorriam entre artistas e críticos. O meu maior questionamento foi acerca das razões do desentendimento entre os profissionais de teatro com relação ao trabalho realizado pela crítica teatral. Percebi que o que havia, naquele momento, virado preconceito, pelo menos por parte dos não-criticados, não podia ser analisado de forma geral. Sendo assim, neste trabalho busquei três casos-modelo, com razões de conflitos diferenciados para buscar melhor compreender os desentendimentos entre a classe teatral e a crítica de teatro. Os casos escolhidos foram: a saída de Décio de Almeida Prado de sua função de crítico, em 1968, depois que artistas devolveram os prêmios Saci em protesto à postura do jornal O Estado de S.Paulo em relação à censura; o embate entre José Celso Martinez Corrêa e Sábato Magaldi devido à análise do crítico ao espetáculo Gracias, Señor e o conflito entre Bárbara Heliodora e Gerald Thomas, após a primeira haver dito que ele não era bom autor, em 1993.
Centro de Letras e Artes - Programa de Pos-graduação em Teatro
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Esta pesquisa tem por objetivo entender a relação do teatro brasileiro das décadas de 40 e 50 com o início das apresentações da obra de Eugene O'Neil no Brasil, assim como sua contribuição para o momento teatral e para os grupos que se formaram naquela época. Esta relação foi levantada a partir de um estudo histórico social e político dos dois países, Estados Unidos e Brasil, de estudos e comentários críticos sobre as encenações dessas peças e de depoimentos de pessoas envolvidas com a produção das mesmas, como atores e diretores. Tendo por base uma comparação entre os textos originais e as traduções realizadas para as encenações, procurei identificar de modo concreto traços de adaptação dessas obras à cultura brasileira a nível de escolha do discurso utilizado e o que essa escolha significaria em termos de receptividade teatral.