Utilizando como fontes principais as atas da câmara dos Deputados, os folhetins líricos, as cartas da diretoria do teatro de São Pedro de alcântara e os autos da Questão Villa Nova do Minho, este artigo pretende desvelar a rede da qual faziam parte políticos, artistas e empresários teatrais do Rio de Janeiro imperial, na época em que o tráfico negreiro foi totalmente proibido. as duas figuras principais contempladas serão o dramaturgo e músico Luiz Carlos Martins Penna (1815-1848) e o barão, visconde e traficante negreiro português José Bernardino de Sá (c. 1802-1855), presidente da diretoria do teatro de São Pedro de alcântara, onde a maioria das comédias de Mar-tins Penna foi encenada. O período abordado no texto é iniciado quando duas de suas comédias são censura-das, sendo finalizado com a disputa judicial pela vultosa herança de José Bernardino de Sá.
Este artigo, aplicando recursos da análise de discurso, mostra a situação de intertextualidade em que se encontram termos censurados em peças teatrais. Tal iniciativa permite que aflorem tanto as estratégias, com as quais o poder constituído se reafirma, quanto as figurações, em que ele se quer representado.
Este artigo estuda o Grupo Teatro da Cidade (GTC), privilegiando algumas formas de comunicação e cultura de uma região. Trata-se de um grupo de teatro profissional que se estabeleceu em Santo André, no ABC paulista, entre 1968 e 1978, tendo atuado num período de intensa repressão institucional. Seus membros, ao narrarem suas lembranças, rememoraram experiências diversas dos mecanismos de controle social, entrelaçando-as à ação da censura e às manifestações artístico-culturais na cidade. Pretende-se, assim, identificar, sob o ponto de vista das pessoas envolvidas (atores e atrizes do GTC), como se deu a ação das forças repressivas e, em particular, da censura, buscando recuperar as memórias do medo.
Este artigo analisa as relações do dramaturgo Nelson Rodrigues com a Censura do estado de São Paulo no início dos anos 1960, através da peça Boca de Ouro, tal como essas relações estão documentadas no prontuário N°. 4906 do Arquivo Miroel Silveira, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Interessa ao autor discutir como os parâmetros morais são inadequados para o julgamento de uma obra de arte, expondo os equívocos em que a atividade censória sempre recai em sua tentativa de conter a liberdade da criação artística em nome de concepções e comportamentos considerados “adequados” ou “normais”.