Utilizando como fontes principais as atas da câmara dos Deputados, os folhetins líricos, as cartas da diretoria do teatro de São Pedro de alcântara e os autos da Questão Villa Nova do Minho, este artigo pretende desvelar a rede da qual faziam parte políticos, artistas e empresários teatrais do Rio de Janeiro imperial, na época em que o tráfico negreiro foi totalmente proibido. as duas figuras principais contempladas serão o dramaturgo e músico Luiz Carlos Martins Penna (1815-1848) e o barão, visconde e traficante negreiro português José Bernardino de Sá (c. 1802-1855), presidente da diretoria do teatro de São Pedro de alcântara, onde a maioria das comédias de Mar-tins Penna foi encenada. O período abordado no texto é iniciado quando duas de suas comédias são censura-das, sendo finalizado com a disputa judicial pela vultosa herança de José Bernardino de Sá.
A construção de narrativas fundadoras de identidades nacionais faz uso de uma memória seletiva,
enfatizando aspectos que tendem a ser revistos após retorno às fontes primárias. Este é o caso do lundu
dança, eleito como um dos pilares fundamentais da história da música popular no Brasil. O Lundu (lundum,
ondu, lundu), ao lado da caxuxa (ou cachucha), foi uma das várias danças exóticas apresentadas nas
performances teatrais desde fins do século XVIII, em Portugal, e na primeira metade do século XIX nos
palcos da América do Sul (Rio de Janeiro, Buenos Aires, Lima). Viajantes estrangeiros que assistiram às
performances de lundu (Debret, Rugendas, von Martius) compararam-no com as danças que eles conheciam
na Europa (fandango espanhol, allemanda alemã). O estudo detalhado de informações extraídas dos
periódicos e da análise comparativa de partituras do período (1821–1850) permite nova escuta do lundu,
como parte da trilha sonora da época.
Este trabalho trata da introdução e da repercussão do melodrama francês no Brasil, no século XIX. Visando elucidar a trajetória dessa forma teatral no contexto brasileiro, o estudo concentrou-se em reunir e sistematizar informações diversas e originais, provenientes da recuperação de fontes históricas e de material teórico publicado no país e no exterior, especialmente na França, berço do melodrama. Para tanto, foi realizada uma série de pesquisas em catálogos de bibliotecas nacionais e estrangeiras, que possibilitaram a organização de referenciais bibliográficos, a consulta de obras dramatúrgicas originais e levantamentos, em periódicos brasileiros do século XIX, acerca do uso do termo melodrama e acerca da encenação, em nossos palcos, de peças melodramáticas escritas pelos principais autores franceses de melodramas dos Oitocentos. Os resultados obtidos com essas pesquisas orientaram a comparação entre sistemas culturais distintos (França e Brasil) e a análise das implicações do estabelecimento dessa forma teatral no campo social e no campo literário, conforme o entendimento de que a literatura dramática não se limita à linguagem verbal registrada nas peças. Nesse sentido, o presente estudo apresenta um panorama sobre dramaturgia, espetáculos, público e comentários em relação às peças e à estética melodramática, presentes em discursos regularmente veiculados pela imprensa, como um registro do imaginário coletivo da população. Desse modo, espera-se contribuir para a compreensão deste fenômeno, associado ao contexto peculiar de sua recepção no Brasil, tendo em vista que a relação entre as obras encenadas nos palcos brasileiros e seu público acompanha e reflete a produção artística neste importante período histórico de transformação social no país.
Esta tese investiga a relação do Estado com o teatro no Brasil no período de 1822 a 1889, por meio da subvenção às Artes Cênicas. Procura relacionar a documentação produzida pelo executivo e o legislativo dedicada ao teatro aos debates dos homens de letras sobre a questão teatral nos periódicos do Rio Janeiro. Investiga o patrocínio às Artes e à Literatura, na França do XVII e a assimilação desse modelo em Portugal durante o século XVIII e no Brasil a partir do XIX. Examina a ação da Revue des Deux Mondes na divulgação do teatro francês no Brasil. Analisa o alvará de 1771, primeira legislação produzida em Portugal para a normatização dos teatros públicos do reino e a sua permanência no Brasil após o processo de independência. Contribui com documentos novos para aprofundamento do estudo da história do teatro brasileiro
O texto apresenta um breve relato sobre a presença da atriz portuguesa
Ludovina Soares da Costa nos palcos dos teatros da corte no Brasil a partir de 1829. Faz
considerações também sobre a necessidade de maiores estudos sobre a contribuição dos
atores portugueses ao desenvolvimento do teatro brasileiro, sobretudo no século XIX.