Na construção historiográfica do teatro brasileiro moderno, as formas da comédia popular
foram “superadas” a partir da implantação de novas formas teatrais, expoentes de uma visão de mundo
mais condizente com as conquistas da modernidade. Este artigo procura demonstrar que esta construção
teórica e discursiva legitima um determinado projeto cultural e civil para o país que remonta ao século
XIX e recebe nova roupagem em meados do século XX
Esta dissertação apresenta um estudo interpretativo e comparativo das peças Dois Perdidos
Numa Noite Suja, Navalha na Carne e Balada de um Palhaço, de Plínio Marcos. O objetivo
principal é evidenciar o ineditismo da criação estética realizada pelo autor, bem como a sua
importância no cenário teatral brasileiro, nos planos do conteúdo e da forma. Observa-se que,
a análise proposta parte do princípio de que as obras suscitam distintos temas ontológicos e
universais à humanidade, por vezes semi-ocultos na superfície textual de aparência prosaica.
Desta forma, é pertinente o tratamento de aspectos que viabilizem a interação com a produção
artística pliniana, tais como a desenvoltura da linguagem, composição das personagens e
tessitura dos conflitos. O exame individual dos textos dramáticos é seguido de um cotejo mais
específico entre eles, a fim de melhor ressaltar suas características, compostas de semelhanças
e diferenças, que por caminhos distintos expressam imensurável qualidade artística. Para a
realização da pesquisa segue-se a metodologia de cunho dedutivo, bibliográfico e documental,
em que o aporte teórico conta: com artigos publicados à época das apresentações das peças de
Plínio Marcos; teóricos do âmbito da literatura e do teatro, dentre eles: Artaud (1999),
Bakhtin (1981, 2002, 2003), Bonfitto (2002), Bornheim (2007), Dort (2010), Magaldi (1994),
Nietzsche (1994), Prado (2001), Rosenfeld (1982, 1985, 2008), Szondi (2001), Virmaux
(1978). Cumpre ressaltar a incidência dos conceitos teóricos na análise das peças, objeto do
corpus de pesquisa, que se fundamenta pela tessitura do texto dramático, pois não se
contempla aqui o estudo da encenação dos espetáculos.