A história do amor impossível entre Inês de Castro e o infante Pedro tem fascinado inúmeros artistas. Entre eles, está Álvares de Azevedo, que em “Literatura e civilização em Portugal” analisa um dos monumentos literários lusos dedicados a esse episódio: a peça Castro (1598), de António Ferreira. Neste artigo, pretende-se discutir elementos formais levantados pelo escritor brasileiro que o levam a considerar uma tonalidade romântica dentro de uma peça considerada clássica. Essa nuance é trazida não só pela escolha temática, mas também pela centralidade da posição do artista criador em detrimento das regras poéticas que deveriam orientá-lo. A leitura alvaresiana evidencia o Amor frente à razão de Estado, conflito no qual se ancora a peça e que vem a ser sublinhado pelo ponto de vista dicotômico do ensaísta.
Quando já somava 36 anos de carreira, atriz brasileira Ruth de Souza em entrevista a Maria Luiza Feck Saibro, publicada no Jornal “Correio do Povo” (RS) em julho de 1983 disparou: “Sou estrela sem jamais ter estrelado nada”. Ainda que a atriz declare que este termo não tenha grande significado, aquilo que nele está implícito pode ser fundamental para a análise de diversos aspectos de sua carreira, começando pela observação de como sua origem e história de vida foram fundamentais para a associação deste a atriz. A maneira como tal idéia teria sido construída, a partir de que momento em sua carreira ela começa ser tratada assim e quais elementos de sua trajetória contribuem para a elaboração de tal idéia, serão aspectos analisados no trabalho proposto. Em síntese, trate-se de pensar como sua história de vida propicia e gera a construção da idéia de ‘estrela negra’.
Por cerca de dois anos trabalhei nas editorias de cultura dos jornais Diário Catarinense e A Notícia, ambos de Santa Catarina. Durante este período pude perceber o descrédito dos artistas de teatro para com a imprensa. A reclamação era quase generalizada sobre o espaço dado ao teatro nos jornais. A imprensa, segundo os artistas, dava pouca atenção a esta forma de arte, mas o maior problema era com a crítica teatral. Esta percepção se tornava mais estranha, já que naquela época (1992) não havia críticos teatrais em Santa Catarina. Quase como algo atávico, os que lidavam com o teatro reclamavam da crítica nacional, sendo que muitos daqueles nunca tinham tido seus espetáculos analisados por críticos. Desta forma, ao fazer minha monografia de especialização1 pesquisei qual a origem das divergências que ocorriam entre artistas e críticos. O meu maior questionamento foi acerca das razões do desentendimento entre os profissionais de teatro com relação ao trabalho realizado pela crítica teatral. Percebi que o que havia, naquele momento, virado preconceito, pelo menos por parte dos não-criticados, não podia ser analisado de forma geral. Sendo assim, neste trabalho busquei três casos-modelo, com razões de conflitos diferenciados para buscar melhor compreender os desentendimentos entre a classe teatral e a crítica de teatro. Os casos escolhidos foram: a saída de Décio de Almeida Prado de sua função de crítico, em 1968, depois que artistas devolveram os prêmios Saci em protesto à postura do jornal O Estado de S.Paulo em relação à censura; o embate entre José Celso Martinez Corrêa e Sábato Magaldi devido à análise do crítico ao espetáculo Gracias, Señor e o conflito entre Bárbara Heliodora e Gerald Thomas, após a primeira haver dito que ele não era bom autor, em 1993.
Centro de Letras e Artes - Programa de Pos-graduação em Teatro
202 f
Esta dissertação trata do teatro de mamulengos da Zona da Mata pernambucana, focalizando, especialmente, o trabalho dos mestres Zé Lopes, do Município de Glória do Goitá, e de Zé de Vina, de Lagoa do Itaenga. Entendido como 'teatro popular tradicional', é assim classificado por reunir características e técnicas específicas intrínsecas, que pretendem ser apontadas nesta pesquisa. Por sua atuação bastante presente nessa região, as fontes primárias utilizadas foram produzidas a partir de trabalho em campo, o que faz da etnografia uma técnica empregada. Os personagens têm importância fundamental nesse tipo de teatro, tendo sido descritos e estudados os mamulengos do acervo dos mestres Zé Lopes e Zé de Vina.
Este estudo desenvolve uma análise da dramaturgia de Qorpo-Santo em relação a presença autoral como elemento fundamental de sua produção teatral. São destacados como elementos organizadores desta presença autoral o raisonneur, o personagem-escritor e autor personagem. Num segundo momento, elabora-se uma demonstração cênica, onde observamos a aplicação destas figuras teóricas na construção de personagens. Esse trabalho prático é descrito nessa dissertação, apontando os momentos de conjugação entre teoria e prática cênica.
Centro de Letras e Artes - Programa de Pos-graduação em Teatro
184 f
Este trabalho estuda quatro peças escritas por jovens dramaturgos estreantes (O Assalto, Fala Baixo Senão Eu grito, À Flor da Pele e As Moças) que, ao surgirem no panorama do teatro brasileiro de 1969, foram consideradas pelo crítico Sábato Magaldi como representantes de um movimento específico, com características próprias, por ele denominado 'nova dramaturgia'. Para testar a hipótese da existência deste movimento, analisam-se a recepção da crítica da época aos textos mencionados e os traços de subjetividade neles existentes, concluindo-se que a proposição de Magaldi não se constitui.