No ano passado, a peça Arena conta Tiradentes (de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri) completou 50 anos de idade ainda despertando o interesse de jovens pesquisadores, mesmo tendo sido publicada uma única vez. A obra já dispõe de boa fortuna crítica, no entanto, ainda se percebe que as investigações têm dificuldade de avançar além da formulação teórica-interpretativa com que o coautor Augusto Boal apresenta a peça, logo na introdução do livro. O presente trabalho pretende analisar alguns dos estudos mais originais produzidos, buscando encontrar insights que permitam encontrar novas frentes de leitura e debates sobre a peça, especificamente a discussão sobre o estatuto do personagem Coringa.
n 1979, film-maker Leon Hirszman (1937–1987) collaborated with playwright Gianfrancesco Guarnieri on a film adaption of Guarnieri’s famous play about Brazilian working-class life, They Don’t Wear Black-Tie.1 The resulting film, released in 1981, reconfigured the politics and content of the 1958 play to fit the new era of the late 1970's when dramatic metalwork-ers’ strikes placed São Paulo on the front lines in the fight against the Brazilian military dictatorship. Using biography and the dramatic and cinematic texts, this article traces the political and aesthetic challenges facing these two important cultural figures and their generation of radical intellectuals. In particular, the article will explain why an image of “workers” proved so central in the making of modern Brazilian theater and film since the late 1950's, while exploring the changing configuration of intellectual and povo (common people) between the late Populist Republic and the remaking of the Brazilian working class during the late 1970's. Throughout, it will ask: What is the cultural, political, and historical substance or significance of the presentation of workers in Black-Tie? Does it rep resent an expression of social reality? And if so, what reality, and whose vision? * Artigo publicado na International Labor and Working-Class History, n. 59, Spring 2001, p. 60-80.
O presente trabalho, inserido em uma corrente da crítica literária que compreende os processos
artísticos em sua mediação com processos sociais e históricos, tem por objetivo estudar o Teatro de
Arena de São Paulo, palco de grandes realizações estéticas e de produtivas discussões teóricas que
marcaram a modernidade do teatro brasileiro. Em termos formais, a principal contribuição do grupo
consiste em superar os limites da forma dramática por meio da inserção dos recursos épicos. Isso
corresponde, em termos políticos, a uma atitude de desmascarar os processos de alienação social
por meio da constante pesquisa social, histórica e estética – processos esses que se intensificavam
ao longo daqueles anos. O recorte para a compreensão dessas experiências é dado pela perspectiva
teórica, artística e crítica de Augusto Boal, que atuou como dramaturgo e diretor do grupo entre os
anos de 1956 e 1970. Sua vasta contribuição compreende desde suas primeiras direções teatrais no
Arena, inserindo o teatro de vertente realista/naturalista no país, aliado ao desenvolvimento de
Seminários de Dramaturgia, que contribuíram para a formação de pensamento crítico a respeito do
teatro brasileiro, passando pela criação de uma dramaturgia de caráter épico, eficaz para o
desenvolvimento dessa perspectiva no cenário teatral brasileiro.