Este artigo tem a pretensão de conjugar os preceitos acerca da epistemologia e da metodologia da Análise do Discurso francesa trabalhando um discurso do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa fundador do grupo Teatro Oficina de São Paulo publicado no ano de 1972. Este artigo pretende contribuir com os estudos relacionados à historia e à historiografia do teatro brasileiro.
Este artigo tem a pretensão de conjugar os preceitos acerca da epistemologia e da metodologia da Análise do Discurso francesa trabalhando um discurso do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa fundador do grupo Teatro Oficina de São Paulo publicado no ano de 1972. Este artigo pretende contribuir com os estudos relacionados à historia e à historiografia do teatro brasileiro.
Centro de Letras e Artes - Programa de Pos-graduação em Teatro
67 f
Nossa pesquisa examina o espetáculo Gracias Señor, a produção do Teatro Oficina, de 1972. Nossa atenção, neste espetáculo, está dirigida para uma proposta de contato entre atores e espectadores, que o grupo veio a chamar de 'atuação' e os meios pelos quais se buscou pôr em prática esse ideal. Buscamos, então, analisar não apenas conceitualmente, mas também, os processos empregados junto aos atuadores a fim de que possamos concluir se há uma organização interna capaz de se constituir, naquele processo, como uma metodologia original ou se há apenas procedimentos isolados, não interligados - o que negaria todo o passado de compromisso técnico/metodológico do Oficina. Para tanto, apresentamos o modo como o Oficina se apropriou, ao longo dos quatorze anos de atividades que antecedem Gracias Señor, das propostas de Stanislavski (somadas à visão do Método dada por Eugênio Kusnet), Brecht, Artaud, Grotowski e do Living Theatre. Em seguida, procuramos apresentar o conceito de 'te-ato', além de descrever, com o máximo de detalhes, o roteiro e as cenas da peça. Por fim, procuramos apresentar o que o Oficina entendeu por 'atuador', seguindo com uma descrição dos processos pelos quais esse ideal foi almejado junto aos atores do grupo: fundamentalmente, uma vida comunitária com características muito próprias, onde era possível um exercício libertário e comunitário afinado com idéias contraculturais que cercaram a juventude dos anos sessenta e setenta e a criação coletiva de um texto/roteiro e de cenas fundamentadas em ações improvisadas, nascidas dos estudos, laboratórios, ensaios e experiências vivenciais daquela comunidade.