Este trabalho expõe uma interpretação das categoriais sociais representativas no Brasil na década de 1970, retratadas em cinco canções de Chico Buarque de Hollanda na peça Ópera do malandro. Procuramos demonstrar, a partir dos exemplos musicais propostos, que Hollanda fez da relação tensa entre censura e produção artística a base de sua matéria poética, imprimindo um sentido político-social original em sua obra musical, indo além dos limites da canção de protesto tradicional. Essa opção do autor teve como base a proposta teórico-prática do dramaturgo e teórico alemão Bertolt Brecht, que, em seus escritos sobre ópera, defende uma maior independência da música com relação à ação dramática.
Este artigo tem o propósito de contribuir para os estudos que buscam convergências entre história e teatro a partir da leitura e reflexão sobre a maneira pela qual o espetáculo Dar não dói, o que dói é resistir, do grupo teatral tá na rua, foi lido pelos jornais, fornecendo pistas de como a peça foi recebida no momento de sua encenação. Pretendemos perceber a(s) memória(s) construída(s) sobre o espetáculo e o grupo por um tipo específico de público que deixou para a posteridade indícios da história do tá na rua. ao mesmo tempo, indagamos qual o lugar do teatro de rua nas páginas dos jornais e na história do teatro brasileiro
A trajetória artística de Benjamim Santos no teatro brasileiro é o fio condutor para entender um conjunto de situações históricas marcadas por tensões e conflitos, em meio às quais foram utilizados certos dispositivos estéticos resultantes da experiência social que integra a cultura e a memória na segunda metade do século XX. o artigo tem como objetivo dar visibilidade à produção cultural empreendida nos palcos brasileiros, a partir da constituição de uma linguagem teatral peculiar que denuncia os excessos da ditadura militar brasileira e expõe suas implicações nas formas estéticas de atuação social, a militância de Benjamim Santos e sua participação nos principais movimentos culturais e políticos do período.
Este artigo busca explorar parte da historiografia do teatro nos Estados Unidos e sua relação com o desenvolvimento do Teatro Moderno Brasileiro. Aqui discute-se sobre o surgimento do teatro moderno, retomando o conceito de Crise do Drama, de Peter Szondi, e como dramaturgos da primeira metade do século XX nos Estados Unidos deram corpo à dramaturgia moderna estadunidense. Posteriormente discute-se de que maneira Arthur Miller, um dos intelectuais mais importantes e necessários do cânone norte-americano, inspirou dois grandes dramaturgos de nosso país com seu ativismo dentro e fora dos palcos: Jorge Andrade e Dias Gomes. Resgata-se aqui a relevância de uma dramaturgia como a de Miller como ferramenta para a transformação social, histórica e política de nosso país.
Centro de Letras e Artes - Programa de Pos-graduação em Teatro
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Este trabalho estuda quatro peças escritas por jovens dramaturgos estreantes (O Assalto, Fala Baixo Senão Eu grito, À Flor da Pele e As Moças) que, ao surgirem no panorama do teatro brasileiro de 1969, foram consideradas pelo crítico Sábato Magaldi como representantes de um movimento específico, com características próprias, por ele denominado 'nova dramaturgia'. Para testar a hipótese da existência deste movimento, analisam-se a recepção da crítica da época aos textos mencionados e os traços de subjetividade neles existentes, concluindo-se que a proposição de Magaldi não se constitui.
Esta dissertação tem o objetivo de estudar como o negro é pensado e representado na produção intelectual de Abdias Nascimento no período em que esteve à frente do Teatro Experimental do Negro (1944-1968).Para fins elucidativos recorreremos a fatos que antecederam, e sucederam este período. No entanto, situaremos o autor no contexto histórico e social do pós-Estado Novo ao Ato Institucional N°5, e analisaremos a construção de seu pensamento sobre as relações raciais no Brasil, e sua militância antirracismo, a partir de correntes intelectuais, políticas e ideológicas que o influenciaram. Discorreremos sobre como a noção de uma identidade cultural negra é construída no discurso de Abdias Nascimento neste período de mudanças sobre as formas de pensar as relações raciais no Brasil.
O presente trabalho tem por objetivo analisar as questões de Gênero veiculadas a partir do
teatro operário na cidade do Rio Grande, que nos anos iniciais do século XX foi um agente
educativo relevante na organização do operariado local, e sua relação com a formação da
consciência histórica dos sujeitos envolvidos nesta prática cultural. Para tal fim, realizar-se-á
a análise da obra dramatúrgica Amor e Ouro (1906), de autoria da militante libertária
Agostina Guizzardi, ativa intelectual do movimento operário, bem como de outros escritos
desta e de outros militantes do operariado rio-grandino, buscando-se, assim, estabelecer um
diálogo entre as muitas vozes que compunham esta prática educativa. Nesse contexto, esta
pesquisa estabelecerá um diálogo entre História e Literatura, adotando como diretrizes
norteadoras os pressupostos da Nova História Cultural, referencial teórico este que alargou o
campo de pesquisa histórica, abrindo espaço para a inserção de novos sujeitos e outras fontes,
entre elas, o texto literário.
A presente dissertação apresenta a formalização estética de um momento específico da
história brasileira pelo teatro, baseado na crítica literária materialista e no conceito de teatro
épico-dialético. Ela tem por objetivo o estudo das peças Café, de Mário de Andrade, e A
moratória, de Jorge Andrade, e suas formalizações estéticas da mesma matéria histórica
brasileira, a saber a crise econômica cafeeira de 1929/30, no sudeste paulista. Para o
desenvolvimento do trabalho parte-se da questão de como Mário de Andrade e Jorge
Andrade, em épocas diferentes – respectivamente 1933-1942 e 1954 – e envolvidos em
movimentos estéticos distintos – Teatro Modernista e Modernização do teatro brasileiro –
deram expressão artística à crise mencionada. O estudo se justifica pelo papel importante que
os autores exercem na literatura e no teatro brasileiros, visto que suas obras contribuem para a
constituição de uma literatura social e de um teatro crítico. O estudo se divide em três
capítulos: no primeiro acompanhamos algumas questões históricas do teatro brasileiro a partir
do século XIX que são decisivas para os autores em tela, no segundo capítulo discutimos em
que medida os autores podem ser entendidos como pensadores do teatro brasileiro e, no
terceiro, analisamos as duas peças. Para compreender a dialética entre forma literária e
processo social, bem com o Teatro Épico no Brasil, a pesquisa guia-se pela perspectiva
teórica e crítica de autores como Antonio Candido (1973), Anatol Rosenfeld (2011), Sábato
Magaldi (2004), Iná Camargo Costa (1996; 1998), Roberto Schwarz (2008), Gilda de Mello e
Souza (2008), João Luiz Lafetá (2000), Catarina Sant’Anna (1997) dentre outros, e pelas
produções artísticas de Mário de Andrade e Jorge Andrade. A pesquisa visa contribuir para a
fortuna crítica dos estudos sobre Mário de Andrade e Jorge Andrade, fortalecendo o campo de
pesquisa dos estudos teatrais.