Este trabalho expõe uma interpretação das categoriais sociais representativas no Brasil na década de 1970, retratadas em cinco canções de Chico Buarque de Hollanda na peça Ópera do malandro. Procuramos demonstrar, a partir dos exemplos musicais propostos, que Hollanda fez da relação tensa entre censura e produção artística a base de sua matéria poética, imprimindo um sentido político-social original em sua obra musical, indo além dos limites da canção de protesto tradicional. Essa opção do autor teve como base a proposta teórico-prática do dramaturgo e teórico alemão Bertolt Brecht, que, em seus escritos sobre ópera, defende uma maior independência da música com relação à ação dramática.