A presente dissertação apresenta a formalização estética de um momento específico da
história brasileira pelo teatro, baseado na crítica literária materialista e no conceito de teatro
épico-dialético. Ela tem por objetivo o estudo das peças Café, de Mário de Andrade, e A
moratória, de Jorge Andrade, e suas formalizações estéticas da mesma matéria histórica
brasileira, a saber a crise econômica cafeeira de 1929/30, no sudeste paulista. Para o
desenvolvimento do trabalho parte-se da questão de como Mário de Andrade e Jorge
Andrade, em épocas diferentes – respectivamente 1933-1942 e 1954 – e envolvidos em
movimentos estéticos distintos – Teatro Modernista e Modernização do teatro brasileiro –
deram expressão artística à crise mencionada. O estudo se justifica pelo papel importante que
os autores exercem na literatura e no teatro brasileiros, visto que suas obras contribuem para a
constituição de uma literatura social e de um teatro crítico. O estudo se divide em três
capítulos: no primeiro acompanhamos algumas questões históricas do teatro brasileiro a partir
do século XIX que são decisivas para os autores em tela, no segundo capítulo discutimos em
que medida os autores podem ser entendidos como pensadores do teatro brasileiro e, no
terceiro, analisamos as duas peças. Para compreender a dialética entre forma literária e
processo social, bem com o Teatro Épico no Brasil, a pesquisa guia-se pela perspectiva
teórica e crítica de autores como Antonio Candido (1973), Anatol Rosenfeld (2011), Sábato
Magaldi (2004), Iná Camargo Costa (1996; 1998), Roberto Schwarz (2008), Gilda de Mello e
Souza (2008), João Luiz Lafetá (2000), Catarina Sant’Anna (1997) dentre outros, e pelas
produções artísticas de Mário de Andrade e Jorge Andrade. A pesquisa visa contribuir para a
fortuna crítica dos estudos sobre Mário de Andrade e Jorge Andrade, fortalecendo o campo de
pesquisa dos estudos teatrais.