Este trabalho expõe uma interpretação das categoriais sociais representativas no Brasil na década de 1970, retratadas em cinco canções de Chico Buarque de Hollanda na peça Ópera do malandro. Procuramos demonstrar, a partir dos exemplos musicais propostos, que Hollanda fez da relação tensa entre censura e produção artística a base de sua matéria poética, imprimindo um sentido político-social original em sua obra musical, indo além dos limites da canção de protesto tradicional. Essa opção do autor teve como base a proposta teórico-prática do dramaturgo e teórico alemão Bertolt Brecht, que, em seus escritos sobre ópera, defende uma maior independência da música com relação à ação dramática.
A partir de um intenso movimento de metamorfoses técnicas e narrativas, o cinema passou de seu estado inicial de mero copiador da realidade à categoria de arte e vem estabelecendo uma forte e íntima relação de diálogo com a literatura. É a partir dessa relação que o destaque dessa pesquisa consiste em uma análise sobre a literatura dramatúrgica de Nelson Rodrigues e sua respectiva adaptação pelo cinema de Braz Chediak, com ênfase no trabalho em parceria entre escritor e cineasta:
Bonitinha, mas ordinária: até que ponto o filme se subordina ao texto? Há inventividade na inscrição cinematográfica de Braz? Qual o teor criativo da narrativa do cineasta? Em que instância o filme foi produzido? Qual a tendência estética adotada pelo diretor? Essas questões são desvendadas através da colaboração teórica de Roland Barthes, Ismail Xavier, Sábato Malgadi e Robert Stam, bem como alguns outros estudiosos que pensam cinema e literatura e entram em cena para adensarem a análise feita sobre o objeto colocado em foco.
A presente pesquisa analisa e interpreta as peças Death of salesman [A morte do caixeiro viajante] (1949), do dramaturgo norte-americano Arthur Miller (1915 - 2005), e A Moratória (1955), do dramaturgo brasileiro Jorge Andrade (1922 - 1984), apoiando-se na forma da tragédia moderna, e baseando-se em ambos enredos, isto é, nos textos teatrais e nos seus respectivos conteúdos dramáticos reflexivos. Tais dramas mostram que tanto Miller quanto Andrade dividiram a mesma inquietude, propondo conflitos baseados em crises históricas, com o objetivo de evidenciar a luta do homem comum contra a sociedade, através do cotidiano de dois patriarcas e suas famílias, os quais estão deslocados com o desenvolvimento social e econômico de meados do século XX. Para entender esses e outros conflitos e como estão inseridos dramaturgicamente, este estudo está organizado da seguinte forma: o primeiro capítulo contextualiza historicamente a tragédia até sua condição moderna, após a influência do drama e de sua crise, com o propósito de se chegar à discussão sobre a tragédia e sua condição liberal adquirida na contemporaneidade. O segundo capítulo, apresenta a vida e a obra de ambos os dramaturgos, seguida das considerações iniciais acerca das peças em questão e de seus respectivos conteúdos históricos. E o terceiro capítulo, compara e analisa os aspectos relevantes de ambos os enredos, tais como: o conflito entre pais e filhos, a representação das mulheres, dos protagonistas como heróis modernos, das casas como plano de fundo das ações dramáticas e dos recursos formais cênicos que ajudam a dar expressividade às inquietações e à realidade subjetiva vivida pelos personagens.