Este texto discute as abordagens que consideram o teatro de rua como uma modalidade daquilo que genericamente chamamos “teatro popular”. Buscar delimitar esses territórios não nasce de um desejo de estabelecer fronteiras rígidas. Mas, sim de uma percepção que tal distinção pode estimular o desenvolvimento de pesquisas de linguagens no campo do teatro que se faz na cidade sem o peso da marca do popular. Ao perguntar quais são suas raízes desta noção, e como a mesma se desenvolveu desde o início da segunda metade do século XX, pode-se esclarecer uma questão ideológica que tem atravessado a cena brasileira ao longo desse período. Ainda que essa tarefa seja exaustiva e esteja além das possibilidades de um artigo, é interessante tratar de estabelecer algumas referências que contribuam com a reflexão aqui proposta. Isso ganha relevo quando se constata que apesar da “crise das ideologias” a possibilidade de um teatro popular ainda arrecada muitos interesses entre os jovens realizadores. Para realizar essa tarefa recorre-se a instrumentos de análise semiológica de espetáculos de rua, buscando identificação de signos que levam a fronteira de tais espetáculos para além do campo popular.
O texto apresenta uma radiografi a do teatro de rua
no Brasil, a partir do itinerário desenvolvido pelo Grupo Imbuaça,
fundado na cidade de Aracaju, Sergipe, em 28 de agosto de 1977.
O Imbuaça, nome que homenageia o artista popular, embolador
Mane Imbuaça, desde o início das suas atividades, vem montando
espetáculos inspirados nas manifestações populares. Participou
dos mais importantes festivais de teatro, circulando por todo o
País e por alguns países da América Latina e Europa. Por meio de
sua participação em eventos artísticos e da realização de oficinas,
seminários e cursos, o grupo viu e ajudou a fazer crescer o teatro de
rua brasileiro.
A presente pesquisa contribui para a análise da Companhia de Revistas e Burletas do Teatro São José, da cidade do Rio de Janeiro, da Empresa Paschoal Segreto, por meio do estudo de revistas e burletas de Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes, encenadas em seu palco, que também, por atuação duradoura (1911-1926), propiciou espaço privilegiado para experimentação, manutenção e fertilização dos gêneros do teatro ligeiro. Essa escrita cênica pauta-se por uma perspectiva de imediata complementaridade em sua performance. Teatro cômico e popular, essas revista e burletas apresentam um acervo técnico de elaboração que revela a presença de autores-ensaiadores.