O propósito desse artigo é realizar um panorama das artes cênicas em Belo Horizonte, nos últimos cinco anos, partindo da análise de mais de oitenta espetáculos assistidos nesse período e buscando tecer algumas considerações de ricas sobre o direcionamento do teatro em nossa cidade.
O presente artigo reflete sobre as ferramentas da encenação contemporânea na constituição de seus discursos espetaculares tendo como pano de fundo a análise de duas montagens de textos do dramaturgo Plínio Marcos de Barros (1935 – 1999) realizadas na cidade de Salvador-Bahia-Brasil (Barrela, da Cia. de teatro Gente e Navalha na carne da Cia. de teatro Gente-de-fora-vem). A tendência natural da cena na contemporaneidade tem sido o que apresentar de modo contundente temas de cunho político-social, aqui abordados a partir dos sugeridos pelas dramaturgias encenadas: o universo carcerário do Brasil dos anos de 1950 em Barrela e a exploração sexual feminina, em Navalha na carne. Toma-se, para tanto, o teatro na atualidade como espaço privilegiado de experimentações aproximando esta prática artística de diversas outras linguagens cujo resultado concatena no caráter híbrido, liminar e fronteiriço que ela adquire sobretudo a partir da segunda metade do século XX.
O artigo apresenta uma análise descritiva do espetáculo
A noite dos palhaços mudos, criado pela Cia. La Mínima (Domingos
Montagner e Fernando Sampaio) e dirigido por Álvaro Assad com
base na história em quadrinhos homônima do cartunista Laerte.
Partindo de uma comparação entre o espetáculo e os quadrinhos, a
análise detém-se em alguns elementos da cena (atuações, objetos,
figurinos, maquiagem etc.) e propõe articulá-los em uma visão de
conjunto marcada pelo alogismo, pela comicidade e pelo lúdico.
Centro de Letras e Artes - Programa de Pos-graduação em Teatro
51 f. + anexos
Este trabalho tem como objeto de estudo o teatro de Samuel Beckett e a sua particular forma de notação, com a qual o autor consegue, com suas variações rítmicas, fixar uma estrutura cênica autônoma determinada, cujos princípios e valores devem ser procurados antes de tudo na cena. Para tal propósito, sendo de caráter prático o maior interesse da pesquisa, configurou-se como a melhor opçao de trabalho a montagem de um texto do autor, tendo sido escolhida a peça Dias Felizes, por sua concisão e rigor notariais. A par da montagem, encontra-se uma reflexão sobre a recepção da obra de Beckett no Brasil, como uma determinada leitura, feita a partir das originais concepções de Martin Esslin sobre Beckett e outros autores do século XX, pautou a maneira como os encardenadores, atores e críticos e público viram o teatro beckettiano. E de como tais reflexões, difundidas a partir do jornalismo teatral, continuam até hoje a direcionar o olhar e vedar o verdadeiro acesso â obra de teatro de Samuel Beckett.
A pesquisa pretende estudar o espaço da relação entre o encenador e o cenógrafo para a construção da escrita cênica, bem como investigar o uso ou a ocupação desse espaço na cena pelo ator. Procurou ainda analisar o espaço e a sua interferência na cena, através de seis montagens que conseguiram uma unidade cênica em sua realização - Teatro Ipanema: O Jardim das Cerejeiras (1968); O Arquiteto e o Imperador da Assíria (1970) e Hoje é dia de rock (1971) e Teatro do Quatro: Os Veranistas (1978); Papa Highirte (1979) e Sábado, Domingo e Segunda (1986). Esses exemplos estudados permitiram verificar: o nascimento do conceito e a sua transposição em forma; o processo de criação do projeto de encenação proposto pelo encenador ao cenógrafo e a sua resposta formal à proposta; além da utilização do dispositivo cênico pelos atores na cena. O objetivo foi investigar as variáveis que intervêm na criação do espaço cênico e no seu uso a partir do momento em que uma parceria efetiva se estabelece entre o encenador e a sua equipe de criação. Assim, algumas questões foram fundamentais: o nascimento da idéia, o start criativo, a nova forma para o novo conteúdo, o espaço da criação - processo de trabalho - e o espaço da relação dos elementos criativos do espetáculo. Estas questões surgiram da minha vivência profissional como cenógrafa, uma vez que sempre estive atenta à pesquisa da forma, não só do processo de criação da cenografia, mas também da sua integração no processo mais amplo da criação da encenação pela equipe. Em contrapartida, a pesquisa do processo criativo por meio dos exemplos aqui analisados, levou a uma melhor compreensão do meu processo criativo.
Esta pesquisa busca perceber como se estruturam os elementos de uma montagem teatral a partir de seus agentes de criação e as reverberações do acontecimento cênico sobre outras realidade extra-encenação. Para tanto analisamos o processo de criação do grupo Teatro da Vertigem e os espetáculos por ele encenados, O Paraíso Perdido, O Livro de Jó e Apocalipse I, II, a partir so viés de que o teatro é uma construção espaço/temporal que se realiza através de suas relações sociais. O conceito aqui elaborado, Teatro do Migrante, a partir das viagens do grupo e das reconstruções de seus espetáculos em espaços diversos, tenta dar conta da apropriação de espaços, com forte carga simbólica, dentro de comunidades específicas, para a realização de seus espetáculos, e de como essa experiência atualiza sua forma de trabalho e sua percepção sobre o ato da criação cênica.