Diante da importância das montagens da obra do Bardo, como é conhecido William
Shakespeare (1564-1616), e a relevância do Grupo Galpão de Belo Horizonte - MG,
no contexto do teatro brasileiro, a presente dissertação tem como ponto de partida o
estudo da literatura dramática e como objeto de estudo a análise da montagem de
Romeu & Julieta, analisando-a no que diz respeito à sua forma, conteúdo,
linguagem e crítica, os quais são formadores da identidade do grupo e se aproximam
das formas épicas na construção de seus espetáculos. Este estudo não está alheio
ao campo da história da formação do Galpão (1982), que aconteceu após a oficina
com os diretores alemães do Freies Theater München – FTM, Teatro Livre de
Munique. Consequentemente, também, faremos um painel da modernização do
teatro, entre os anos 1920-1940 e o desenvolvimento da prática teatral coletiva no
Brasil (1950-1960). Analisaremos a estética da montagem Romeu & Julieta,
concebendo seu percurso estético, seus processos de adaptação pelo grupo mineiro
e sua importância decisiva no panorama da cultura nacional. Utilizaremos registros
em vídeo das montagens realizadas no teatro Globe, em Londres (2012). Este
estudo nos levará, necessariamente, a passar pela história da formação do grupo e
a influência do teatro alemão; suas peculiaridades estéticas e o contexto social no
qual o grupo está inserido. Para a análise do texto dramático, utilizaremos a
tradução de Onestaldo de Pennafort (1937) e adaptação por Cacá Brandão (2007)
com a linguagem de Grande Sertão: Veredas (1994) de Guimarães Rosa para
criação do narrador na peça; além da concepção por Gabriel Villela (1992) para
análise da montagem em si. Partindo disso, sabemos que o sucesso e o
reconhecimento internacional da adaptação do Galpão é expressão da sua
importância na história do teatro de grupo brasileiro, que volta a ser discutido no país
em meados dos anos 1980-90.