Este trabalho analisa a peça inaugural de Plínio Marcos, Barrela (1958), cujo enredo põe em cena personagens do submundo criminal confinados numa cela, tendo que conviver de acordo com regras estipuladas por um exclusivo código interno. Este tem as suas semelhanças com o código oficial do qual tornaram-se vítimas, na medida em que com ele faltaram no cumprimento de deveres legais que garantem a ordem social. Esse dado, por si só, já apresenta interesse suficiente para uma análise específica dos fenômenos referidos, mas a abordagem do trabalho não se detém somente nos possíveis aspectos sociológicos das circunstâncias da vida carcerária num país como o Brasil. A construção formal do texto de Plínio Marcos (no que ressalta a qualidade ímpar de sua linguagem) e algumas questões referentes às suas opções temáticas (em cotejo com singularidades do universo dramático de seu “precursor” Nelson Rodrigues) são exploradas para uma melhor compreensão do posicionamento e importância da obra pliniana no panorama do teatro brasileiro.
O presente artigo reflete sobre as ferramentas da encenação contemporânea na constituição de seus discursos espetaculares tendo como pano de fundo a análise de duas montagens de textos do dramaturgo Plínio Marcos de Barros (1935 – 1999) realizadas na cidade de Salvador-Bahia-Brasil (Barrela, da Cia. de teatro Gente e Navalha na carne da Cia. de teatro Gente-de-fora-vem). A tendência natural da cena na contemporaneidade tem sido o que apresentar de modo contundente temas de cunho político-social, aqui abordados a partir dos sugeridos pelas dramaturgias encenadas: o universo carcerário do Brasil dos anos de 1950 em Barrela e a exploração sexual feminina, em Navalha na carne. Toma-se, para tanto, o teatro na atualidade como espaço privilegiado de experimentações aproximando esta prática artística de diversas outras linguagens cujo resultado concatena no caráter híbrido, liminar e fronteiriço que ela adquire sobretudo a partir da segunda metade do século XX.