Este artigo analisa a peça Rasto Atrás do dramaturgo Jorge Andrade e reflete sobre a busca da memória como material da sua escrita. As relações entre forma e estrutura cênica são investigadas, discutindo-se a estética expressionista, a multiplicidade de espaços, a simultaneidade de tempos, a metalinguagem e, em alguns momentos, a anulação do tempo. Texto auto-reflexivo e profundamente emblemático da obra de Jorge Andrade se constitui na investida mais funda do autor em busca de si mesmo, do seu povo, da sua sociedade.
Neste texto abordo a reconfiguração da noção de hamartia, a falha trágica, em Senhora dos afogados, de Nelson Rodrigues, tomando como referência a personagem Moema.
Neste estudo se propõe uma leitura de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, em que se pretende mostrar que a maior originalidade dessa peça consiste em dar ao tempo um tratamento que revoluciona sua representação.
Partindo da face monstruosa da morte, representada miticamente pela máscara de Gorgó (Vernant, 1998; 2001), pretendemos articular os conceitos de “teatro da morte” de Kantor (1998), “teatro da crueldade” de Artaud (2006) e a tese acerca de metateatralidade de Abel (1968) para compreendermos como o teatro, obra de arte social, permite-nos experimentar a morte. Para tanto, Valsa n°6 (1951), único monólogo de Nelson Rodrigues, abre a possibilidade de vermos essa monstruosa face, construída pelo evocamento do nome, Derrida (1995a), de Sônia que através da metateatralidade constitui o desagradável rodriguiano. Ainda, a peça traz marcas evidentes de autotextualidade, principalmente com Vestido de noiva (1943) e intertextualidade com o monólogo de Pedro Bloch, As mãos de Eurídice (1950) que faz referência ao mito de Orfeu e Eurídice na visão órfica (Brandão, 1987). A monstruosidade, segundo Jeha (2007), é uma das metáforas do mal e como maldita, a morte é negada, segundo Becker (1973), e temida. Desse medo da morte e do morrer baseia-se nossa existência e é diante dela, da morte, que segundo Heidegger (2005), atingimos nossa plenitude, logo essas duas forças: negar e aceitar, assemelham-se ao antagônico dionisíaco e apolíneo, segundo Nietzsche (2013), que convivem nesse espaço de tensão que é o teatro. Adotando o conceito de espaço de tensão de Féral (2015) em que o teatro ocidental tem uma forte ligação com a morte, no sentido do vazio primeiro, elencamos Sônia, essa estrangeira de si mesma (Kristeva, 1994) para experimentarmos a face monstruosa e desagradável da morte.
Pretende -se investigar como a peça Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, mantém homologia estrutural com a topologia dos sonhos descrita por Freud e com a imagem do inconsciente, calcada no corpo da Vênus de Milo com gavetas (1936), escultura de Salvador Dalí, na sua fase marcadamente surrealista.