A história do amor impossível entre Inês de Castro e o infante Pedro tem fascinado inúmeros artistas. Entre eles, está Álvares de Azevedo, que em “Literatura e civilização em Portugal” analisa um dos monumentos literários lusos dedicados a esse episódio: a peça Castro (1598), de António Ferreira. Neste artigo, pretende-se discutir elementos formais levantados pelo escritor brasileiro que o levam a considerar uma tonalidade romântica dentro de uma peça considerada clássica. Essa nuance é trazida não só pela escolha temática, mas também pela centralidade da posição do artista criador em detrimento das regras poéticas que deveriam orientá-lo. A leitura alvaresiana evidencia o Amor frente à razão de Estado, conflito no qual se ancora a peça e que vem a ser sublinhado pelo ponto de vista dicotômico do ensaísta.