Resumo: A pesquisa propôs uma investigação da dramaturgia de José Joaquim de Campos Leão, cognominado Qorpo-Santo (1829-1883), com ênfase em seus vínculos com o teatro oitocentista brasileiro, especialmente em relação aos gêneros dramáticos populares. O drmaturgo gaúcho corresponde a um curioso caso da nossa historiografia teatral, visto que sua obra literária foi lidas pelos letrados do século XIX como puro disparate; contudo, no século XX, alguns críticos e pesquisadores deo teatro brasileiro, classificaram tal produção dramática como algo inovador, ligado a estéticas modernas. A hipótese levantada nessa pesquisa ampara-se na ideia de que a singularidade do autor, sancionada tanto pelos críticos oitocentistas quanto pelos pesquisadores do século XX e XXI, deve-se não a um afastamento radical em relação às tendências estéticas de seu tempo, e sim a circunstâncias estéticas e sociais que inviabilizaram o entendimento de sua obra junto a seus contemporâneos. Desse modo, realizou-se um estudo histórico da constituição do teatro completo de Qorpo-Santo ¿ considerando-se suas dezessete comédias ¿, mediante a investigação documental da sua obra literária a Ensiqlopédia e de determinados periódicosdo século XIX. Na primeira fonte, buscou-se informações sobre as ideias estéticas de Qorpo-Santo, além de pontos de consonância entre seus diversos escritos e suas comédias. Já na, realizou-se um levantamento de anúncios de espetáculos teatrais e críticas, que deram mostras das tendências e juízos estéticos em circulação no meio cultural do autor ¿ o recorte temporal deu-se entre 1851 e 1877. Pretendeu-se, dessa maneira, depreender referências concretas que permitiram avaliar os pontos de consonância e dissonância entre sua dramaturgia e a de seu período, contribuindo para um novo olhar crítico sobre o teatro de Qorpo-Santo
Esta tese apresenta um estudo sobre o melodrama francês no Brasil, durante o século XIX, que objetivou descrever os processos de introdução, circulação e permanência do gênero nos palcos brasileiros. O primeiro capítulo reconstitui o repertório representado e verifica que não apenas o consagrado artista João Caetano dos Santos (1808-1863) protagonizou as peças, mas também outros primeiros atores e empresários teatrais, tais como Germano Francisco de Oliveira (1820-1885), Florindo Joaquim da Silva (1814-1893) e Joaquim Augusto Ribeiro de Souza (1825-1873). O capítulo seguinte analisa algumas traduções para o português, representadas nos teatros brasileiros, e revela que o processo de tradução e realização cênica do melodrama empreendeu modificações nos textos originais. As condições materiais das companhias e os princípios políticos, religiosos e dos bons costumes, que orientavam a censura do Conservatório Dramático Brasileiro, acomodaram as peças. O terceiro capítulo estuda a circulação do melodrama e demonstra que a mobilidade dos atores-empresários contribuiu para a difusão do gênero nos teatros das províncias do Império. O último capítulo discute o modo pelo qual se deu a permanência do melodrama e constata que as relações de concorrência, estabelecidas entre os artistas, determinaram a sobrevida do gênero no teatro brasileiro. Esta tese conclui que, ao longo do século XIX, os fenômenos específicos da recepção do melodrama no Brasil explicam a dinâmica de apropriação e de permanência do gênero em nossos palcos