Esta tese apresenta um estudo sobre o melodrama francês no Brasil, durante o século XIX, que objetivou descrever os processos de introdução, circulação e permanência do gênero nos palcos brasileiros. O primeiro capítulo reconstitui o repertório representado e verifica que não apenas o consagrado artista João Caetano dos Santos (1808-1863) protagonizou as peças, mas também outros primeiros atores e empresários teatrais, tais como Germano Francisco de Oliveira (1820-1885), Florindo Joaquim da Silva (1814-1893) e Joaquim Augusto Ribeiro de Souza (1825-1873). O capítulo seguinte analisa algumas traduções para o português, representadas nos teatros brasileiros, e revela que o processo de tradução e realização cênica do melodrama empreendeu modificações nos textos originais. As condições materiais das companhias e os princípios políticos, religiosos e dos bons costumes, que orientavam a censura do Conservatório Dramático Brasileiro, acomodaram as peças. O terceiro capítulo estuda a circulação do melodrama e demonstra que a mobilidade dos atores-empresários contribuiu para a difusão do gênero nos teatros das províncias do Império. O último capítulo discute o modo pelo qual se deu a permanência do melodrama e constata que as relações de concorrência, estabelecidas entre os artistas, determinaram a sobrevida do gênero no teatro brasileiro. Esta tese conclui que, ao longo do século XIX, os fenômenos específicos da recepção do melodrama no Brasil explicam a dinâmica de apropriação e de permanência do gênero em nossos palcos