Memória e utopia, transmutadas em linguagem teatral,
renovam a apreensão da relação entre dramaturgia e experiência
social. Em A moratória (1955) e Rastro atrás (1966),
a lembrança do descenso da família de Jorge Andrade impregna
a fala dos personagens e dos objetos que os cercam.
Neles se inscreve a história da família e da oligarquia
agrária a que pertenceu o dramaturgo. A peça de Gianfrancesco
Guarnieri, Eles não usam black-tie (1958), ativou os
sonhos de uma geração sobre o potencial da cultura na
reordenação da sociedade. O operariado estreou nos palcos
da metrópole pelo drama de uma família tensionada
pela greve, pelo conflito geracional e pela luta de classes.
Eis a prova do relevo da cena teatral numa conjuntura excepcional
de transformação da cultura brasileira, sinalizada
pelo cinema novo e pelo intrincado entrelaçamento do
teatro, com o rádio e com o início da televisão no país
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