À mesa, para conversar sobre procedimentos performáticos nas
encenações contemporâneas, Nelson Baskerville (Companhia Mungunzá),
Leonardo Moreira (Companhia Hiato), José Fernando de Azevedo (Teatro de
Narradores), Thiago Vasconcelos (Companhia Antropofágica) e Georgette
Fadel (Companhia São Jorge de Variedades), todos diretores vindos
do teatro de grupo paulistano. A mesa contou ainda com a participação
especial da atriz polonesa Ludmila Ryba, ex-integrante da Cricot 2 de
Teatro, de Tadeusz Kantor.
Texto-relato, forma híbrida que fala de uma atriz e diretora que se
entregou a um momento de grávido processo de criação. Que se permitiu
correr todos os riscos... Uma atriz que, depois de muito tempo de reflexão,
permitiu-se conhecer um bairro e sua gente: uma Barafonda explosiva.
O texto não é um artigo de cunho acadêmico. É antes um pequeno memorial, em primeira pessoa, sobre a criação do espetáculo Primus, adaptação do conto Comunicado a uma academia (de 1917), de Franz Kafka, criado pela Boa Companhia em 1999. Pela natureza do espetáculo, temas como dramaturgia de imagem, teatro físico, teatralidade/performatividade, teatro-documento, processos colaborativos tecem o
contexto dentro do qual se gestou o espetáculo e que acompanha seus
mais de dez anos de carreira, com seu elenco original.
O texto apresenta o relato da experiência de oficina realizada
na IV Semana de Estudos Teatrais, coordenada por Lúcia Romano, cuja
proposição foi a experimentação de procedimentos encontrados nas obras
de algumas performers mulheres que questionaram, em suas criações,
as identidades de gênero e a dominação masculinista nas sociedades
contemporâneas ocidentais. A atividade relacionou a arte feminista, a
performance e o conceito de performatividade de gênero, de Judith Butler.
O ensaio relata experiências poéticas urbanas entre estudantes de teatro e transeuntes que circulam no entorno do bairro da Barra Funda, na cidade de São Paulo. Relata e reflete sobre as possíveis relações da história do bairro encontrada nas ruas, as formas artísticas híbridas e o ato político dessa atividade.
O texto expõe algumas indagações surgidas nas idas às festas populares, em especial aquelas transplantadas para a grande metrópole em função do interesse de artistas e educadores que buscam inspiração e referências na cultura popular para suas atividades de teatro, dança e música. Tomo como exemplo a Festa do Boi do Morro do Querosene, que ocorre há mais de 20 anos no bairro paulistano do Butantã, e busco analisá-la a partir de ferramentas conceituais concebidas pela crítica de arte contemporânea. Trabalho com a hipótese de que o grande interesse pelas práticas de cultura popular tradicional, a partir da década de 1990, é compreendido se levarmos em conta os rumos tomados pela arte contemporânea no mesmo período. Ferramentas conceituais pouco utilizadas para pensar a cultura popular são mobilizadas. Vale destacar o sentido relacional dessas práticas, entre elas os conceitos de “estética relacional” e de “pós-produção”, cunhados pelo crítico francês Nicolas Bourriaud.