O presente trabalho examina a produção crítica de Antônio Gonçalves Dias, representada por folhetins, crônicas e ensaios publicados em jornais e revistas brasileiras entre 1846 e 1850, em confronto e complemento à suas obras dramática, poética e etnográfica-histórica. A interpretação do material levantado (fontes primárias e obras inéditas no Maranhão e Rio de Janeiro) durante a pesquisa permite trazer à luz uma face desconhecida do autor: a do esteta, daguerreotipista da cidade e analista do teatro lírico e dramático. O conjunto de 70 textos reunidos e editados nesse campo colabora para a compreensão da obra do autor sob o ângulo do jornalismo, constituindo um elemento de mediação entre a obra lírica e a obra científica do escritor. A crítica que ele praticou apresenta o retrato de um contexto cultural marcado pelo mecenato de dom Pedro II e pela construção da identidade nacional. Gonçalves Dias foi um dos protagonistas desse momento histórico e artístico. A crítica teve em seu trabalho um papel fundamental no rito de adeus à poesia e de adoção da ciência: servia como uma arma de combate à censura da época.