Este artigo propõe uma comparação entre duas leituras visuais de obras dramáticas sobre o mesmo tema, que representam dois momentos cruciais da modernidade brasileira. A lenda medieval portuguesa de D. Pedro e Inês de Castro foi transformada em uma obra dramática por Henry de Montherlant em 1942 e foi produzida pela primeira geração de diretores de teatro moderno no Brasil. Na primeira montagem, a cenografia foi da autoria de Santa Rosa, um artista que procura assimilar o teatro europeu de vanguarda, tal como os artistas visuais daquela época. Uma das montagens brasileiras foi apresentada em 1975, durante o movimento artístico conhecido como Tropicália. Nesta segunda montagem, a cenografia foi proposta por Luiz Carlos Ripper que buscou dar uma tradução visual e onírica bem brasileira para o texto da peça.
A Cidade do Rio de Janeiro é objeto tão importante nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues que pode ser considerada uma de suas personagens. Nesta dissertação, estuda-se A Falecida (1953) e Otto Lara REsende ou Bonitinha, Mas Ordinária (1962) e os espaços da cidade que abrigam seus personagens, provocando reações ou refletindo seus espaços interiores. As idéias de Michel de Certeau sobre as relações do homem urbano com seu espaço e as de Patrice Pavis sobre as relações de espaço e tempo na arte teatral ajudam a entender o papel que a cidade desempenha nestas obras. No último capítulo, com o auxílio de alguma iconografia, forma estudadas as adaptações de A Falecida para o palco (1953) e para a tela (1965). Procurou-se, assim, como a cidade descrita na obra dramática se refletiu em imagens materiais. Pretende-se, com esta dissertação, estar contribuindo com dados inusitados que permitam aos leitores compreender a força trágica da obra de um de nossos dramaturgos.