Qual é a relação entre uma peça de teatro e a pintura panorâmica
da cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal
do Brasil? O Tribofe (1892), revista de ano, escrita por Arthur
Azevedo, inseria como ponto de partida o panorama circular
do Rio de Janeiro, pintado por Victor Meirelles e o belga
Langerock, e exposto, em 1891, na Praça XV de Novembro,
dentro de uma arquitetura redonda própria, a rotunda. Logo
na primeira cena, o panorama era experimentado por
uma família do interior, de passagem pelo Rio do final do
século XIX, e sugeria que a urbe pudesse ser lida pelos
visitantes e reconhecida por seus habitantes, como um
quadro ou um mapa. Teatro ligeiro musicado e panorama
constituíam-se em entretenimentos para um público heterogêneo,
entretanto, também propunham ao “enquadrar”
o olhar dos espectadores para determinado modo de ver a
paisagem urbana, certa pedagogia do olhar.