O ensaio analisa a peça de Hilda Hilst, “O verdugo”, e procura revelar, nas modificações realizadas pela autora sobre os modelos originais do drama moderno e do teatro épico europeus, que a obra pode ser melhor compreendida a partir do conceito de “profecia”, de Walter Benjamin. O texto de Hilda figura, no contexto histórico do regime militar brasileiro, uma antecipação das estratégias de violência estatal que marcariam um trauma coletivo na formação histórica do país. Tais estratégias do regime fizeram conviver a dominação legal com práticas de tortura e de desaparecimento de opositores, e estão sedimentadas no tecido formal da dramaturgia de “O verdugo”.