A presente dissertação refere-se à pesquisa acerca do treinamento contemporâneo do ator de teatro a partir das máscaras do Palhaço e do Bufão e à busca pela síntese desses treinamentos na elaboração de um espetáculo-solo, Madrugada. A investigação, o registro e a reflexão sobre esse universo pertencente à prática de trabalho do ator dividem-se em duas etapas. A primeira parte pretende elucidar os conteúdos principais praticados nos treinamentos com as duas máscaras. Para isso, investigou-se bibliografia específica e recorreu-se a metodologias desenvolvidas por pesquisadores-práticos do trabalho do ator, diretores ou atores, fazendo referência a elas, sempre que necessário, conforme registradas pela pesquisa Procedimentos metodológicos do trabalho do ator de teatro: primeiras investigações, coordenada pelo Prof. Dr. Antonio Januzelli, desenvolvida entre os anos de 1999 e 2000, da qual a autora desta dissertação foi colaboradora. Na segunda parte, efetua-se o registro de etapas da criação do espetáculo Madrugada e de sua formalização final, em consonância com pesquisa prática de treinamento com as máscaras do Palhaço e do Bufão. Constitui parte obrigatória da defesa uma apresentação do espetáculo feita para a banca examinadora.
O texto que se segue pretende traduzir algumas possibilidades no trabalho do ator no que diz respeito à experiência a partir da palavra, como dizer vindo de um texto, originada no aprofundamento da escuta. O texto nasce de minha prática, iniciada formalmente em 1987, como atriz, professora de teatro, preparadora de atores e aluna, e refere-se a experiências em montagens de peças, aulas (dadas e recebidas) em universidades, estágios, workshops, oficinas, e em encontros em outros espaços não-pertencentes ao campo teatral, acontecidos principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e pontualmente em outros estados brasileiros (MG, PR, SC, CE) e em outros países. Dialoga, ainda, com aquilo que nomeio teorias-moventes para as práticas, fontes teóricas nascidas de meu contato com textos de naturezas diversas, de não-ficção - de teatro e de outras áreas - e de ficção, além do contato especifico com uma tradição oral, a do griot africano, que, em meu caso especifico, se deu pelo encontro vivo, em duas viagens ao Mali e ao Burkina Faso, na África Ocidental, e em seis estágios realizados a partir dessa aliança.