A vila e distrito de Helvécia, município de Nova Viçosa, extremo sul da Bahia, é o endereço da comunidade que insiste em preservar as memórias e culturas de tradição como lugares fabricantes de performances entre os tempos fronteiriços da Modernidade e da 'Pos-modernidade'. As manifestações e suas poéticas, ao serem realizadas, captam o seio do fluxo social fragmentados verbais da história, de ancestralidade e de memória, comportamentos e vozes narrativas que foram propositalmente deixados sob os escombros para recompor historicamente as performances fragmentadas. Helvécia é palco das manifestações culturais populares de origem afrodescendente, bem como das práticas econômicas, políticas e culturais como ações de uma sociedade contemporânea. As manifestações culturais vivenciadas por esses moradores afrodescendentes, especialmente a dança bate-barriga, vêm sofrendo fortes interferências políticas e ambientais em consequência dos efeitos sociais e econômicos oriundos das ações das empresas gerenciadoras da monocultura do eucalipto. Este estudo pauta-se em uma análise crítico-política a respeito da situação dessas manifestações, em especial da dança bate-barriga, sob os efeitos socioeconômicos dessa monocultura. Investiga, ainda, se existe negociações políticas entre as forças de poder hegemonicamente institucionalizadas e a comunidade, sob o aspecto de comunidade negra. Neste processo, utiliza-se como metodologia a pesquisa qualitativa e o estudo de caso etnográfico como procedimento de análise, o que possibilita aproximar do campo e da realidade em estudo, presenciar com maior segurança os diferentes grupos de cultura, suas manifestações, e ainda permite interagir de forma mais concreta com o processo de captura das informações. Além disso, possibilita aprofundar na realidade social em estudo, estabelecer divisões para melhor desenvolver as ações propostos e entender o contexto da pesquisa e seu entrelaçamento a partir da realidade do objeto.