Espaços alternativos têm sido muito recorrentes para abrigar espetáculos contemporâneos. Este artigo pretende analisar como uma peça de Ariano Suassuna foi encenada em casa noturna de sucesso instalada em dois sobrados geminados no centro do Rio de Janeiro, antigo antiquário transformado após a requalificação da área. Dirigida por Elza de Andrade, a peça Farsa da Boa Preguiça (2001) comprova a vitalidade do espaço teatral “encontrado” para o sucesso da montagem. Analisa-se neste ensaio, com base nos estudos semiológicos de Patrice Pavis e Marvin Carlson, de que modo os signos do espaço realçaram os signos verbais de Suassuna em texto renomado em que o autor discute o ócio criador do poeta popular sertanejo e ressalta a diferença de visão de mundo do brasileiro em relação à dos habitantes do hemisfério norte. Entre a realidade e fantasia, a diretora criou um espetáculo no antigo antiquário que resultou em perfeita simbiose entre o texto e o espaço.