O presente estudo realiza uma análise da obra O homem e o cavalo (1934), de Oswald de Andrade, na tentativa de demonstrar a importância da dramaturgia oswaldiana no processo de modernização do teatro nacional. A peça se divide em nove quadros nos quais se constrói uma síntese do processo de formação histórica ocidental. A tônica do texto é a desconstrução da sociedade capitalista, que tem em instituições como a religião, o matrimônio e a história os pilares de sua sustentação. Nossa leitura aborda, primeiramente, o aspecto formal da referida peça buscando apontar de que maneira a mesma se afasta da dramaturgia clássica e, ao mesmo tempo, quais as características da moderna dramaturgia já presentes no texto de Oswald de Andrade. Para tanto nos utilizaremos das contribuições de Peter Szondi sobre a formação do drama moderno, bem como das ideias de Abel e Rosenfeld para o estudo do meta-teatro e do teatro épico, correntes com as quais nosso objeto de estudo estabelece algumas relações. Em seguida nos voltamos para a relação entre as inovações da forma teatral concebidas por Oswald e o seu posicionamento ideológico, que marca fortemente o conteúdo da obra. Aqui é mister demonstrar o desejo do autor em produzir um teatro capaz de atuar na conscientização política do povo e gerar uma mudança social, neste sentido a peça se aproxima do posicionamento político de Brecht e do teatro épico. Por isso analisaremos os recursos da paródia e da carnavalização no tratamento dado à história com vistas a demonstrar o seu caráter artificial e a provocar uma ação conscientemente transformadora por parte dos homens que a constroem. Desta forma pretendemos demonstrar que há em O homem e o cavalo uma síntese muito bem elaborada entre elementos de inovação da forma dramática e o conteúdo ideologicamente marcado pelo posicionamento político de esquerda assumido pelo autor. Essa síntese faz com que a peça se transforme em um marco importante na história da dramaturgia brasileira, como precursora no processo de modernização do nosso teatro, que assume sua maturidade com o surgimento de Vestido de Noiva (1943), de Nelson Rodrigues.
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