A presente pesquisa se insere na área das Artes Cênicas – Práticas e Processos em Artes - e pretende problematizar/experimentar a relação corpovoz/ subjetividades/ criação. Mais especificamente, abordo a questão do trabalho do atuante no que se refere à liberação de fluxo do corpo-vida no processo de criação. Para isso, adotei procedimentos que compreendem vivências e experimentos técnico-poéticos, pesquisa e leitura bibliográfica, reflexões, registros e sistematização de conceitos e princípios a respeito do tema abordado. O percurso desenvolvido ao longo desta pesquisa aponta para o trabalho do ator sobre si mesmo, compreendido por um processo de autopesquisa, tendo como ponto de partida o (meu) próprio corpovoz e subjetividade. Considerando corpo e subjetividade não como uma identidade fixa, dada à priori, constituinte de um sujeito, mas como forças em fluxo dinâmico e heterogêneo, que estão sempre em trânsito, sempre em relação, sendo gerados e se refazendo a todo instante, de acordo com sua capacidade de afetar e ser afetado, tendo como guia princípios de alteridade. Neste sentido, corpo, voz, emoção, pensamento, intuição, memória, presença e espiritualidade foram trabalhados na busca de uma confluência e permeabilidade entre os elementos, a fim de potencializar aspectos afirmativos da vida e da criação. As práticas realizadas no contexto deste trabalho criaram espaços para uma reflexão somática, possibilitando a fricção e a fisicalização de conceitos e energias, bem como pretenderam estabelecer um campo onde não se distingue poesia e filosofia, corpo e pensamento, modos de ser no mundo e artesanatos, ética e estética. Os procedimentos aplicados contemplam experimentos com matrizes corpóreo-vocais afro-ameríndias, com cantos rituais, toques de tambor xamânico e exercícios do Alfabeto do Corpo. Neste percurso, pude constatar a potência do trabalho com o ritmo, o canto e o movimento no processo de liberação de bloqueios, de desestabilização de dicotomias e condicionamentos. Esgarçando o sujeito, promovendo a flexibilização da subjetividade, o alargamento da percepção, dissolvendo os substratos, ativando os atravessamentos, potencializando a presença - forjando novos modos de ser.
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