Por meio de dois movimentos artísticos ocorridos no pós-Segunda Guerra (The Living Theatre e laboratório de Ensaios), este artigo analisa a maneira como os anarquistas promoveram ações de transgressão e de experimentação da utopia anárquica. As práticas artísticas permitiram a construção de um campo de experimentação no qual as ideias libertárias poderiam ser efetivadas, vivenciadas e propagadas,minando os desdobramentos e valores associados à guerra, como trevas, fronteiras e individualismo. Essa concepção de arte, fundamentada na aliança entre estética e vida, não partiu de uma elaboração exclusivamente anarquista, mas foi apropriada pelos militantes como forma de combate à alienação e ao autoritarismo da sociedade vigente. A estética, com seu inesgotável potencial para instruir e incentivar a ação, tornou-se uma ferramenta de estímulo da sensibilidade libertária